
Vamos à resenha do bloco Yes! Mesmo muito cansada, cá estou para contradizer todas as más (e invejosas) línguas que andam falando mal da apresentação de Yves Larock ontem no circuito Barra/Ondina. Eu teria sido a primeira a falar, se realmente tivesse sido “fraco”, como se diz. Mas o que, de fato, acontece, é que eu não tenho palavras para resumir, tampouco descrever, o que foi a passagem deste ícone no carnaval de Salvador!
É complicado admitir que o ícone surja por causa de uma música, um grande sucesso que foi remixado inúmeras vezes por artistas de diferentes nomes, bandeiras e segmentos. Mas foi. Paciência. Em todo meio existe injustiça – e se há uma grande a ser discutida neste meio da música eletrônica, é o fato de os DJ’s se tornarem deuses por causa de uma boa apresentação ou porque fizeram um tal remix maravilhoso.
Mas, indo ao que interessa: foi uma noite memorável. Para começar num tom mais crítico, eu diria que é lastimável o fato de metade do bloco não conhecer nada além de Rise Up. Para ser um pouquinho mais ácida, e plagiando uma observação de um amigo (DJ) que estava comigo: os abadás parecem ter sido distribuídos em escolas primárias. As pessoas eram tão bonitas quanto jovens! E muitas delas desconheciam até o nome do DJ.
Nem a chuva, nem a ignorância do público, nem a cara de espanto do pessoal mais velho dos camarotes impediu que Yves Larock fizesse uma apresentação linda, perfeita, eu diria. Ele estava tão solto e tão integrado ao movimento, que parecia ser o seu décimo carnaval. Soube equilibrar muito bem as músicas comerciais e as músicas conceituais. Trouxe remixes de grandes músicas de rock, como trouxe outros poucos conhecidos e progressivos. Para a surpresa de quem achava que o rei ia executar Rise Up mil vezes, ele tocou a músicas apenas três vezes – e a primeira delas NÃO foi na saída do bloco. A abertura do percurso foi leve, com Tribal e Electro. Aliás, pedido do amigo: “Júlia, você vai escrever que ele tocou Tribal em 50% do tempo!” – Vou sim, amigo! Yves Larock tocou Tribal em 70% do tempo!
Tribal e Progressivo vieram de forma muito predominante no set do rapaz! Para quem esperava uma apresentação de Club House e pouco Electro, surpresa!
Para a subida da ladeira do Morro do Gato, 75 Brazil Street, a segunda vez de Rise Up e muito Progressivo! Também teve Destination Calabria (e era a segunda única conhecida do público), remix de um grande sucesso do Nirvana e batucada remixada!
Foi uma apresentação belíssima. Ele estava mais que preparado e deve ter sido muito bem orientado, porque foi LINDO! Mas, infelizmente, não posso dizer o que eu mais queria: a Música Eletrônica, enfim, ganhando espaço. Não. A Música Eletrônica desconhecida, ignorada e rejeitada por 90% das pessoas que estavam nas ruas e nos camarotes – fazendo cara de interrogação e mexendo apenas os olhos!
Júlia Galvão (Gema Carioca Music)