A Platinum, a cena e Júlia

Enfim, Salvador vai deslanchar. É o que eu penso cada vez que me empolgo com uma grande produção na cena eletrônica da gente. Infelizmente, quando passa a festa e tudo volta ao ar normal e amador que tanto se vê, caio na real e atento para as questões mais profundas que fazem com que nossa cidade não seja, ainda, uma referência em festas de música eletrônica. O fato de as pessoas não se apaixonarem por música eletrônica tem razões fundamentadas na sociologia, na história, na economia. Como tudo na vida, tem uma explicação. Desenvolver gosto e COSTUME por determinado tipo de entretenimento é uma questão, acima de tudo, cultural. Portanto, não vamos esperar que nossas raízes enterradas nos batuques africanos passem, de uma hora para a outra, a apreciar o som ainda tão desconhecido dos DJ’s.

Onde eu quero chegar: a melhor forma de adaptar o povo ao “culto” à música eletrônica, além da INFORMAÇÃO, é tomar como base o que acontece no resto do mundo. Trata-se de uma música importada, então, façamos direito.

Todas as festas do mundo têm um tema, assim como os sets. Tudo parte de um ponto de inspiração específico. E é aí que entram os grandes produtores que temos. Os que não têm medo de dar a cara à tapa, mesmo que não lucrem tudo que investiram. Os mais apaixonados, que além de tocar ainda inventam a festa, desenvolvem o projeto, divulgam o evento.

Por falar em grandeza, aguardem pela Platinum Enterprise, que acontecerá no dia 02 de Maio, no Forte Santo Alberto. À exemplo de tudo isso que eu acabei de dizer, a RP e a MC’s Produções vão apostar na temática do momento e prometem “Uma jornada pelas Índias” – é, sem dúvida, a melhor forma de arriscar o investimento que está sendo feito: de forma inteligente, ousada e confiante. Usando como tema o que está fazendo a cabeça do mundo: a Índia. Não se trata de usar o tema da novela. Seria subestimar demais a imaginação do público. Trata-se, apenas, de estar antenado com o que acontece no mundo e usar isso à nosso favor.

Se tem algo que está bombando na opinião geral é a cultura indiana, as tradições, costumes, religião. Há até quem arrisque uns passinhos quando rola o remix da música da abertura da novela por aí...

Sendo assim, a produção merece, desde já, parabéns pela idéia e pelo cuidado que estão tento com cada detalhe. E mérito maior para a coragem de apostar em Salvador num feriado prolongado.

Júlia Galvão (Gema Carioca Music)